Sátiro Urbano: Pan
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28 de abril de 2020

O que os Deuses têm a dizer sobre a COVID-19?

                                                 


Eu e a Aileen tivemos a ideia de puxar mensagens dos nossos deuses de culto para tratar de alguns temas que vemos em outros caminhos. Enquanto a maioria das mensagens dos temas que tocamos têm o filtro espiritualista ou cristão, nós sentimos a necessidade de traduzir a mensagem para a nossa visão pagã do mundo.

Uma das formas que temos como sacerdotes de fazer isso é canalizar mensagens dos Deuses. Invocamos a divindade e escrevemos o que sentimos que vem. Começamos com a COVID-19, doença para a qual muitos buscam explicação. Nós não buscamos explicar a doença ou o que está acontecendo hoje, mas sim descobrir o que os Deuses teriam para nos dizer. Talvez palavras de conforto, conselhos, até mesmo uma bronca, quem sabe?  

Para isso, cada um foi meditar com sua Divindade principal. Eu meditei com Pan, a Aileen foi conversar com Aset, e nós não mostramos o que eles trouxeram até que os dois tivessem puxado a mensagem. A parte mais interessante de fazer dessa forma é que nossas mensagens não foram influenciadas uma pela outra. Entendemos a palavra dos Deuses nos pontos em comum de ambas.


Mensagem de Pan sobre a pandemia de COVID-19, canalizada por Álex Hylaios 
em 20/04/2020

Busquem poder, Busquem proteção 
Pois nem todos à salvo vão estar 
Está na hora de confrontar a ganância do seu povo
E essa disputa ridícula contra a própria terra, parar

Aos que buscam respostas, elas ainda não virão 
Ainda não conseguem nem perceber a soberba de vocês 
Na busca incessante, de satisfazer algo que nem mesmo sabem o que é
Será que foi a Natureza que decidiu reagir?
Ou será que foram vocês, brincando de roleta russa, que decidiram há muito tempo não mais a ouvir? 

Os sinais sempre estiveram aí. As vozes permaneceram falando para os que se dispuseram a ouvir. Mas vocês mais uma vez insistiram em não se abrir. Não se abrir para a Natureza. Não se abrir de verdade para si. 
Esse estado de calamidade é perene. E motivado por sua própria espécie. A única diferença é que agora ele atingiu a existência de vocês. Outras espécies sofrem há muito mais tempos de males que foram vocês que trouxeram para cá. E fizeram algum ritual, alguma vigília ou isolamento especial para elas?

Não está na hora de buscar respostas e salvação. Está na hora de se perceber parte desse todo e trabalhar em prol de uma verdadeira integração. 
A cura a Terra já ofereceu. Sempre existiu. 
Mas enquanto estiverem dependentes desse sistema falido… Vão continuar perdidos, fingindo que ninguém sabia, que ninguém ouviu.


14 de outubro de 2019

O (que não é) Sagrado Masculino

Homens indígenas brasileiros, em manifestação de 2017 em frente ao STF.

O Sagrado Masculino, Divino Masculino ou a Cura do Animus são termos que fazem referência a um trabalho de cura e reequilíbrio da psique masculina. Esse tipo de trabalho tem um foco específico em trazer a tona traumas, bloqueios, gatilhos de ódio/medo/raiva/imaturidade e comportamentos abusivos masculinos e entender o que existe por trás desses aspectos desequilibrados. Esse movimento surge em paralelo e pouco depois do movimento amplamente conhecido e divulgado que é o Sagrado Feminino. Essas concepções surgem graças ao trabalho de Carl Gustav Jung que influencia enormemente os movimentos espiritualista pós-contracultura na Europa e nos EUA. A ideia de um arquétipo masculino íntegro e equilibrado em junção de um trabalho conjunto de sua contraparte feminina é algo que desperta estudos, workshops e vivências, principalmente na América do Norte. Ao longo dos anos de 1980-1990 se consolida nos EUA o chamado “Men’s movement” (Movimento masculino), que possui como expoentes David Tacey, Raewyn Connell, Robert Bly, James Hillman, Michael J. Meade, Sam Keen, Robert L. Moore, Stephen Biddulph, Robert Jensen, Jackson Katz, Don Edgar, Michael Messner, entre outros. Eles defenderam diversos modelos de libertação masculina, dentre eles vivências arquetípicas de homens, suas jornadas interiores e espirituais possibilitando ao fim, a cura das feridas do masculino, buscando o resgate do que se chamou de “masculino profundo”. Esse masculino profundo seriam as experiências libertárias e saudáveis que homens nas sociedades tribais e pagãs vivenciaram, por meio dos ritos de passagem, da divisão de trabalho, da comunhão emocional que era partilhada entre os iguais e do empoderamento do homem por meio do reconhecimento social adquirido naqueles espaços e ritos.

Hoje não vivemos numa sociedade que promove os ritos de passagem. Vivemos numa sociedade que consagra o menino-homem pelas inconsequências, irresponsabilidades, infantilidades e comportamentos tóxicos. Vivemos numa sociedade de meninos-homens mimados. Eles são os políticos, os CEOs, os grandes executivos do mercado financeiro, os senhores da razão. E é exatamente esse culto a razão que levou adeptos do Sagrado Masculino a explicar que essa é uma das raízes e males que atingem a psique masculina atualmente. A razão em detrimento da emoção, classificando a primeira como algo bom e masculino e a segunda como algo ruim e feminino. Esse discurso foi profundamente reforçado e enraizado após Descartes expressar sua máxima “Penso, logo existo”, e nesse contexto, a razão atinge um patamar de supremacia e é absorvida na estrutura social do patriarcado que a utilizou amplamente para desqualificar qualquer traço ou característica que remetesse ao feminino. Algumas perguntas para pensarmos juntos:

Por que os homens têm tanta dificuldade em ceder poder, controle e território para outras pessoas, principalmente mulheres? De onde vem a ameaça inconsciente do poder feminino? Por que a figura feminina assusta tanto os homens a ponto de levá-los em comportamentos supostamente autopreservacionistas ou conservadores mas, que no fundo, estão alimentados por um machismo patriarcal que prioriza a dominação e predominância masculina absoluta? Quais foram os processos sociais e históricos que levaram os homens a essa atual disruptura psicossocial nas relações interpessoais? Por que falamos para nossas garotas que elas na adolescência já são extremamente maduras e ensinamos que meninos da idade delas ainda são apenas isso, meninos? Por que exaurimos as mulheres desde a infância com responsabilidades domésticas, burocráticas, sociais, de procriação, de cuidado consigo, com os outros, com o mundo ao redor delas e para os homens dizemos “Garotos são só garotos”? Inclusive isentando-os de responsabilidades e transferindo-as para as mulheres ao redor deles, geralmente mães, tias, irmãs, amigas ou namoradas.

Esses questionamentos me acompanharam desde muito cedo na minha vida religiosa. O Sagrado Masculino veio paralelo aos meus primeiros contatos com o Deus Pan e o arquétipo neopagão do Deus de Chifres. E eu me apaixonei pelo tema, pelo nível de profundidade e urgência que eu senti, muito conectados a essa mudança e melhoria do comportamento masculino em nossa sociedade. Mais algumas perguntas que me acompanharam e compartilho com vocês: por que é tão difícil para homens exclusivamente heterossexuais, aqui no Brasil, se sentirem representados pelas religiões neopagãs, principalmente a Wicca? Por que a figura de uma Deusa não causa neles a mesma liberdade e empoderamento que eu sinto? Por que os Deuses ficam em segundo plano e sua mitologia profundamente empoderadora não é trabalhada na mesma intensidade que a mitologia das Deusas em grupos pagãos? Por que homens gays se sentem confortáveis em reproduzir machismo mesmo numa religião que promove um ambiente que estimula a acabar com esse tipo de comportamento tóxico? Já conversei com algumas sacerdotisas e sacerdotes mais antigos na caminhada do que eu, e comentaram sobre temas gerais que sinto que podem ter a ver com esse fato; alguns dos pontos que me chamaram a atenção foram:

– Homens héteros estão numa zona de conforto, mesmo dentro do neopaganismo ou ocultismo.

– Diversos caminhos que não questionam essa supremacia masculina estão a disposição deles;

– Ainda temos pouca divulgação de temas filosóficos ou sociais que são caros ao neopaganismo, como a defesa do meio ambiente, das minorias, da pautas de sustentabilidade e economia solidária; não atingimos uma enorme parte da população;

– A bruxaria é herética e rebelde, o neopaganismo nem tanto. Mesmo assim, em ambos os discursos opressores encontram terreno fértil;

– Somos parte de uma religiosidade composta por pessoas de classe média ou classe média alta. Não é um espaço onde a população da periferia, da classe mais pobre se vê representada. Nosso discurso não os alcança e/ou atinge espiritualmente.

– Nosso discurso está voltado para as elites e principalmente para as elites brancas que são as principais expoentes desse machismo patriarcal e dos discursos opressores estruturados na atual sociedade;

É nesse contexto que vejo a dificuldade de homens num geral se engajarem num processo revolucionário e libertário de transformação pessoal. O homem hétero, cisgênero, machista, patriarcal e todos os outros substantivos possíveis aqui, simplesmente não lida com essa demanda, não percebe essa necessidade. “O que os olhos não vêem, o coração não sente”. Outro ponto, e aí eu falo da minha realidade, é sobre os homens gays no neopaganismo e na Wicca. Eles se sentem profundamente empoderados pelas descrições míticas das Deusas, sua independência, seu acolhimento, sua autossuficiência e vivenciam sua espiritualidade por meio Delas. E é simplesmente uma das coisas mais lindas que eu já vi e vivenciei. Um jovem gay que se sentiu completamente ignorado, abandonado e rejeitado espiritualmente pelas religiões abraâmicas; porque é isso que essas religiões fazem com qualquer um que se não se enquadre no status quo do patriarcado, se identificando com a Wicca, nas figuras das Deusas e sentindo que finalmente encontrou um local que ele pode se sentir seguro para expressar sua personalidade, sua sexualidade de maneira sagrada e desenvolver sua espiritualidade. Mas muitos desses jovens são o que comentei, gays. Eles são homens cisgênero que mesmo sendo gays, vivenciam uma enorme gama de privilégios e superioridade masculina pelo simples fato de se identificarem como homens. E a maior parte também é branco. E a maior parte ainda reproduz discursos racistas contra as religiões de matriz afro. Nós reproduzimos o machismo estrutural tanto quanto os homens héteros. Sim, eu também já vi acontecendo e já reproduzi e provavelmente continuarei reproduzindo, porque, mesmo que eu me monitore 24h por dia, 7 dias por semana, eu sou um homem cisgênero, eu estou dentro de uma sociedade estruturada no patriarcado e no machismo. O machismo, assim como o racismo estrutural são isso, hábitos de comportamentos, atitudes e pensamentos que estruturam as ações de determinado grupo de pessoas. Nós brasileiros, somos profundamente machistas, racistas e misóginos. Herdamos uma cultura profundamente racista, machista e misógina dos europeus. Está na história do nosso país e na construção cultural que nós experienciamos até os dias de hoje. E só mudaremos isso mudando a nós mesmos.

Como lidar então com esse cenário? Como trazer uma reflexão provocativa mas que ao mesmo tempo seja acolhedora para promover um processo de cura?

O principal passo é reconhecer. Se encontrar.

Enxergar quais são os seus comportamentos que reproduzem o machismo e as feridas do patriarcado em níveis macro e depois perceber no microcosmos, no seu dia a dia, na construção da sua personalidade atual, como você se vê como agente reprodutor do discurso do opressor. Afinal, para qualquer processo de autoconhecimento, reconhecer os obstáculos que nos estagnaram até aqui é essencial. Não ocorrem mudanças sem questionamentos. E depois busque ajuda. Converse com seus amigos homens; héteros, homos, cis ou trans (sim, homens trans também reproduzem tudo o que eu comentei acima, afinal são homens). Nós homens precisamos resgatar a habilidade de construir laços colaborativos e não competitivos. A competição certamente é um dos hábitos que mais alimenta o status quo da nossa realidade de desequilíbrio.

Saiba de onde você fala.

Leia o mundo ao seu redor. Veja como nós homens aqui no Brasil, em Portugal, ou países lusófonos, ou qualquer país do planeta atualmente, somos privilegiados. Reconheça o privilégio. Veja que mesmo homens gays desfrutam, por exemplo, de uma liberdade sexual extremamente acima da média, principalmente em comparativo com as mulheres. Converse com suas amigas. Veja o que elas acham sobre o assunto. Converse. Muitos de nós homens perdemos ao longo do tempo a capacidade de conversar e entender os pontos de vistas das pessoas. Não alimente a competição. Alimente a colaboração e a diversidade.

Ame o diferente.

Um masculino saudável exulta em meio a diversidade, se alimenta dela e a amplia. Um masculino ferido castra a diversidade ao máximo. Pois ao invés de curar sua ferida, ele simplesmente a esconde e faz as pessoas acreditarem que essa ferida é algo normal, aceitável e normatizado. Então o patriarcado normaliza as doenças psicoemocionais dos homens, normaliza suas dores, normaliza seus medos, anseios e traumas. E num processo de adormecimento, o homem regride aos comportamentos infantis de exigir e ser atendido imediatamente. E infelizmente, nós enquanto sociedade, estamos atendendo a essas exigências nesse exato momento: acreditando que o petróleo é essencial para nossa soberania e portanto, não investindo em modelos de geração de energia sustentável; tratando o meio ambiente, a fauna e a flora como insumos comerciáveis como se fossemos os únicos com direito de desfrutar da Natureza e seus recursos, desconsiderando completamente as outras formas de vida da Terra. Abusamos das pessoas mais pobres utilizando e sustentando um modelo social que privilegia 2% da população global em detrimento dos outros 98%… e os exemplos continuariam.

E por que do título? Atualmente vivemos numa era dos extremos. Existem grupos e movimentos que se denominam focados na cura e no resgate do masculino e de sua espiritualidade, mas que na essência pregam uma supremacia de machos alfa, ensina que mulheres foram feitas para procriar e servir aos homens, deturpam mitos pagãos para justificar suas teorias misóginas e fascistas e acabam arrebanhando milhares de jovens ao redor do mundo. Idolatram nazistas, supremacistas raciais e líderes autoritários. Um dos expoentes desse movimento é pagão, se utiliza de rituais que honram os deuses nórdicos, se utiliza de uma interpretação pessoal sobre os mitos e sociedades pagãs e defende uma supremacia masculina que o homem supre todas as necessidades do homem, inclusive sexuais. Sim galera, esse camarada é abertamente gay e profundamente heteronormativo, defende a subjugação das mulheres fazendo uso de discursos extremamente preconceituosos e eu diria até criminosos, e arrebanha milhares de homens que vêem nele, um exemplo de macho alfa a ser seguido. O masculino precisa de cura, sim. E com certeza não é abusando e atacando as pessoas, a cultura, a diversidade e o meio ambiente que iremos atingi-la.

Sejamos livres como Pan; sigamos o pragmatismo selvagem de Freyr; abusemos apenas dos prazeres da boa fortuna como Exú; saibamos a hora exata de agir e de esperar como Oxóssi; vamos nos posicionar como protetores dos que amamos como Dioniso e Apolo; vamos garantir a segurança dos nossos como Dagda; vamos aprender a inovar como Lugh; vamos ser inventivos e meditativos como Pan-Ku e Yù Huáng, o Imperador de Jade; vamos ser pacientes e amorosos como o Búfalo Branco, sejamos audaciosos como Tupi, honremos a Shakti universal como Shiva, guardemos os segredos como Djehuty e Tsukiyomi-no-Kami, honremos a verdadeira Verdade como Hermes e Loki, busquemos o desconhecido como Odin, corramos e aprendamos com os lobos como Ares. Que possamos honrar nossos pais e avôs que carregaram e causaram tantas dores, feridas e privações para que pudéssemos nos tornar homens melhores, eles sabendo disso ou não. E acima de tudo, honremos àquelas que são as Deusas em nossas vidas.

Honremos o Sagrado Feminino.

Abandonemos as certezas. Abracemos o desconhecido e arrisquemos novamente. O Sagrado Masculino é sobre ousadia, amor e exploração. Vamos juntos! 🙂


Referências e dicas bibliográficas:
– American Masculinities: A Historical Encyclopedia. Bret Carrol.
– Sacred Paths for Modern Men: A Wake Up Call from Your 12 Archetypes – Dagonet Dewr.
– King, Warrior, Magician, Lover: Rediscovering the Archetypes of the Mature Masculine – Robert Moore and Douglas Gillette.
– The King Within: Accessing the King in the Male Psyche. Robert Moore.
– The Warrior Within: Accessing the Knight in the Male Psyche. Robert Moore.
– The Magician Within: Accessing the Shaman in the Male Psyche. Robert Moore.
– The Lover Within: Accessing the Lover in the Male Psyche centers. Robert Moore.
– Path of the Sacred Masculine: Contemplation Tools for Your Journey – Karen Kiester and Keith H Johnson.
– The Hidden Spirituality of Men: Ten Metaphors to Awaken the Sacred Masculine – by Matthew Fox.





Álex Hylaios.

6 de outubro de 2019

Meu Ambientalismo na minha Espiritualidade

Talvez nem todos saibam, mas eu comecei minha jornada como educador ambiental aos 13 anos de idade. Naquela época, havia um programa do governo federal chamado "COMVIDA - Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas", que visava desenvolver uma espécie de grêmio estudantil ecológico nas escolas brasileiras. Qualquer um podia participar, alunos, professores, equipe administrativa, pedagógica, comunidade escolar num geral, pais, vizinhos de bairro, enfim, qualquer um que tivesse interesse de se envolver com o cotidiano escolar. Na minha escola começamos um projeto de horta bem simples mas que em poucos meses estava abastecendo não só o cardápio da merenda escolar mas também algumas famílias que moravam ao redor do colégio e sabiam que tínhamos uma horta bem grande e produtiva. Ver aqueles resultados levou eu e outros colegas a nos engajarmos ainda mais na luta em defesa do Meio Ambiente.

Existe um grupo de jovens educadores ambientais no Brasil que surgiu em 2003 e atua até hoje com a pauta da formação e empoderamento  de jovens nas questões ambientais. Eles são os Coletivos Jovens de Meio Ambiente e estão à frente da pauta de juventude e meio ambiente no Brasil há quase duas décadas. Jovens entre 15 e 29 anos que investiram suas vidas em prol da causa ambiental. Encontrá-los na época da implantação das COMVIDAs nas escolas foi um misto de espanto, alegria e receio. E só depois eu percebi que se tornou uma sensação de volta pra casa indescritível. E ali dentro do grupo eu me tornei "full" ambientalista. Eu simplesmente amo ensinar. Desde novo. Comecei ensinando pelos vídeo games (e não parei até hoje), depois ensinei inglês e português para os amigos e quando a Educação Ambiental me encontrou eu me encontrei nela e ensinei ela em escolas, empresas, movimentos sociais e políticos e sociedade civil. E venho fazendo isso por 13 anos ininterruptos 😁

Essa jornada toda me levou aos questionamentos sobre espiritualidade. Eu também joguei muito RPG e foram neles que eu descobri os druidas e a espiritualidade ligada à Terra.  Nisso tudo, desde muito novo, eu também já tinha a figura de Pan no meu horizonte espiritual. Foi relativamente fácil vincular todas essas coisas numa caminhada só e perceber como eu posso continuar nessa jornada como pagão e ambientalista, unindo o útil ao agradável. 

Anhangá
Hoje vivemos uma necessidade urgente de engajamento nas questões ambientais, principalmente do nosso país. Qualquer pessoa que nunca tenha se interessado pelo tema já ouviu falar pelo menos uma vez sobre e sabe da possibilidade de vivermos em breve uma crise global por conta da destruição ambiental que nossa espécie provocou e causou no planeta. 

Aqui no Brasil nós temos diversas possibilidades de trabalho social, ambiental e mágico. Mitos e espíritos indígenas, a energia dos orixás, a sacralidade e antiguidade dessa terra que habitamos.

Meu sonho é conseguir provocar, instigar, ajudar, caminhar ao lado, e também aprender com outros bruxos, pagãos e ambientalistas dentro da jornada espiritual sobre continuar trabalhando e se engajando em prol da nossa Casa, o Planeta Terra.

Vamos juntos?

Álex Hylaios.

24 de setembro de 2019

E tudo muda outra vez!

Oi pessoal, faz bastante tempo que tomei um fôlego das redes sociais. Fui respirar e arejar a mente. A ideia de alimentar quase que diariamente meu facebook, instagram, páginas e grupos que administrava estava sugando muita energia que eu precisei investir em outras áreas da minha vida. Mas agora que as coisas estão reencontrando seu equilíbrio, escolhi a data do Equinócio de Primavera (HS), para reaparecer com novidades por aqui! 😁

Então vamos lá: decidi mudar o nome do blog para "Sátiro na Cidade". Por quê? Porque eu quero trazer desabafos, informações, conversas, insights e partilhas gerais sobre meu caminho espiritual. O Bosque de Pan não desapareceu, apenas encontrou um cantinho nesse caminho grande que eu to batendo perna até hoje. Então senta na grama mesmo e vamos conversar. 

Como parte do meu caminho como Sacerdote (em treinamento) de Pan, eu desenvolvi alguns trabalhos e materiais a serem usados para as pessoas vivenciarem seu próprio processo de contato e conexão na companhia do Deus Pan. Para começar isso na prática, eu vou facilitar um grupo de estudos e vivências utilizando esses processos que desenvolvi; para treinar, em grupo, alguns pontos: guiar pessoas numa jornada inicial de conexão com Pan; fornecer ferramentas mínimas para que as pessoas utilizem em sua caminhada; dar apoio sacerdotal para as pessoas experienciarem processos com Pan; criação de seus espaços sagrados; rotinas mágicas e devocionais; ferramentas de trabalho mágico; desenvolvimento mágico/pessoal e autoconhecimento, entre outros. Como isso vai funcionar? Vou abrir em breve a uma turma inicial para começar esse treinamento e tudo será documentado nas redes sociais e aqui no blog. Muito legal né? 


Eu estou animado com essa nova perspectiva de trabalho. Eu tenho muita paixão por ensinar e gosto de unir minha profissão civil (professor de ensino fundamental e médio) com meu sacerdócio. Nos tempos que vivemos, eu sinto que o que eu conseguir fazer para auxiliar as pessoas a (re)encontrarem Pan, os Deuses pagãos e a Magia, vai ajudar outras pessoas e o mundo tornando-os mais sustentáveis, equilibrados e saudáveis em todos os níveis. Sim, eu acredito que minha fé e minha magia podem tornar as vidas das pessoas melhor. E eu vou investir muita energia nessa crença daqui em diante. 

Vamos juntos! 



Álex Hylaios. 
Devoto de Pan.  
Primavera de 2019. 

16 de abril de 2018

Pan é Tudo. (ou O Grande Pan).

Este texto foi elaborado por mim há muitos anos atrás, quando eu ainda não era bruxo, por volta de 2011. Em 2015 eu revisitei ele e reformei alguns pontos aqui e ali. Agora em 2018 eu o revisito novamente e percebo que assim como Pan, o que eu sabia, sentia e vivia sobre Ele também mudou, cresceu e se adaptou. Existem características históricas no texto mas a principal ideia dele é ser uma visão específica sobre Pan, a partir da minha gnose pessoal. Enjoy!

The Satyr. By criszart in DeviantArt,

O Grande Pan

Pan é o Senhor da Sexualidade.Toda expressão sexual, todas as formas de sexo, o pênis do homem, a vagina da mulher, o androceu e o gineceu das plantas, os órgãos sexuais dos animais, as comunicações das células do nosso corpo reagindo ao toque excitante de um amante; tudo isso é ligado a Pan. Ele rege os fluxos sexuais do Universo. Pan é Vida se alimentando de Vida. É o choro da mãe ao ver o rosto do bebê recém-nascido. Pan é a Criação e a Recriação.

Pan é o Senhor da Fertilidade. A vida e seu fluxo estão diretamente ligados a energia Dele. Ele é o senhor da Roda do Ano, tendo em seus mitos a representação de todas as quatro estações. A terra fertilizada após uma chuva e a seca que castiga o solo são expressões do poder d'Ele. Ele é o ciclo polinizador dos insetos. Ele é o movimento do corpo da mulher que prepara seu útero menstruação pós menstruação para receber a vida. Ele é a semente da vida presente no esperma do homem. Pan é a Realização da Vontade. Pan é a materialização do Espírito.

Pan é o Senhor do Êxtase Divino. Juntamente com Dioniso, Pan é o Senhor do êxtase sagrado, da catarse do corpo e do espírito. Os estados xamânicos de consciência são suas formas de espiritualidade. As danças que conduzem ao êxtase e a estados alterados de consciência também são formas de expressão de seu poder. Pan é a Dança Espiral do Êxtase; mistério universal.

Pan é o Senhor da Natureza. Os filósofos alexandrinos por volta do século III/II a.C. usaram a imagem do Deus Pan para descrever o conceito que originaria o Panteísmo ("Pan" em grego significa Tudo, e "teísmo" vem da palavra grega Theos, que significa Deus) ou seja o conceito de que Deus está em tudo, dentro e fora de nós. Eles descrevem que os chifres de Pan representam a ligação com o mundo superior e os raios de sol que fertilizam a terra; os cabelos grandes e emaranhados representam as árvores e a grama que cobre o mundo; as costas manchadas de pintas representam as constelações e planetas do cosmo; o corpo meio homem representa nós mesmo, os humanos e a realidade como conhecemos; o corpo meio bode representa o mundo animais, todos os animais, e a parte "animalesca" que nós humanos possuímos, representa os mistérios e o desconhecido; os cascos de bode representam toda a terra física; e sua flauta representa o sagrado e o divino que está contido em todas as coisas. Pan é o Eterno Presente e os ciclos contidos nele.

Pan é o Senhor da Música e da Dança. Todas as expressões artísticas estão ligadas a Pan. Existem partes frequentes nos mitos Dele que referem-se a Ele como o "Dançarino Selvagem", menção aos momentos em que Pan participa do cortejo de ninfas e sátiros de Dioniso e quando acompanha o cortejo da Deusa Rhea. Pan é a Celebração e o Regozijo. Dentro e fora de nós.

Pan é o Senhor da Vida. Pan é o próprio pulsar de vida que existe em todas as coisas. É o Rei Carvalho no ápice de seu poder no Verão. É o Sol derramando suas bençãos de calor e fertilidade sobre a terra. É a sexualidade aflorando nos jovens e o impulso criador que move tudo. É o poder de Litha emanando sua energia na Roda do Ano. É a alegria da vida e de viver, a sensação de aconchego e plenitude ao ler um bom poema, dizer um sincero "eu te amo" ou aventurar-se por novos caminhos. Pan é Gestação, Nascimento e Inícios. Pan, é o Começo.   

Pan é o Senhor da Morte. Por conhecer os mistérios da vida, Pan também governa sobre os mistérios da morte. É o Rei Azevinho no ápice de seu poder trazendo a intensa presença do Inverno. Em sua face mais terrível, Pan traz o pânico, o medo, aquela sensação de terror e desespero onde confrontamos as verdades que não desejamos saber. Era dito na Grécia Antiga que, quando você caminhava pelos bosques, lugares remotos, ermos longínquos e sentia-se aquela sensação de calafrio, medo e de que algo o observava, diziam que era o Deus Pan que estava por perto, te observando.

Pan é o "Senhor da Internet". É a teia que conecta a todos nós e as realidades dos Multiversos. Pan estava aqui antes do início e Ele continuará depois do Fim. Pan é a Iniciação e seus mistérios.

Pan é a centelha divina que anima todas as coisas. Ele estava presente na criação. Ele viu cada forma de existência ser modelada pelas mãos dos Antigos e conhece seus nomes secretos e esquecidos. Pan é Movimento. Pan é a Forma.

Pan somos nós em nossas recaídas pelos caminhos da vida e Pan está em nós ao levantarmos uma vez mais, abraçando nossas dores e olhando sempre em frente.

Pan é Tudo. E Tudo é Pan.

Io Pan! Io Pan! Io Pan!


Álex Hylaios



30 de março de 2018

Epítetos de Pan

Oi pessoal! 


Enquanto o feriado não passa, trago para vocês uma lista com epítetos clássicos (da Antiguidade) e modernos dados ao Deus Pan. Um epítheton "acrescido, posto ao lado, adicionado" é um substantivo dado para divindades, pessoas, seres míticos ou objetos para conferir qualidades a eles. 


Os epítetos modernos são parte de uma gnose pessoal tanto minha, quanto de devotos que tive contato ao longo dos meus anos de vivência com Pan, virtualmente ou por meio de suas obras. O interessante é perceber o quão abrangente a energia de Pan se tornou ao longo dos séculos, lhe conferindo características que fogem da perspectiva do mito clássico e se adaptam ao contexto e práticas as quais seu culto foi inserido. 


Epítetos clássicos 
Busto de Pan em Roma. 
Aigokerôs - O Senhor de Chifres.

Agreus - O Caçador.

Agrotas - O que dá uma boa colheita.

Akrôritês - O senhor dos montes (Monte Acrórite, em Sikyos).

Haliplanktos - O Caminhante do Mar (O Viajante).

Limenitis - Protetor dos portos e dos marinheiros.

Lytêrios - O Libertador, O que traz a Cura.

Lytierses - Da cidade de Litierse, um dos seus locais de culto.

Menalius - Do monte Menálio, na Arcádia. Local de culto das Mênades e de Pan.

Nomios - O Bom Pastor.

Phorbas - O Terrível (Pan como o Senhor do Pânico).

Sinoeis - O Malicioso, ”Pernicioso”.

Skoleitas - O de Muitas faces/O de muitos caminhos.


Epítetos Modernos O Senhor das Fadas - Christopher Penzack, em seu livro Ascension Magick: Ritual, Myth & Healing for the New Aeon, conta relatos de trabalhos feéricos e seu envolvimento com Pan; desenvolvidos por membros da comunidade de Findhorn, um centro holístico internacional.

Deus do Prazer/Sexo - Apesar de na antiguidade ele nunca ter recebido esse epíteto, pois os antigos não viam a necessidade de evidenciar algo tão óbvio e natural em seus Deuses, atualmente é um dos títulos mais associados ao Deus Pan.

Deus das Artes - Assim como Apollo, Pan compartilha um íntimo contato com todas as expressões artísticas. Música, dança, pintura, teatro e afins.

Deus da Internet - Um grupo esotérico de músicos, Inkubus Sukkubus, em uma de suas canções que homenageiam Pan, chamam-no de Deus da Internet; pois Ele é aquele que conecta tudo e todos.

Senhor do Caos - Rosaleen Norton, uma bruxa caoísta e australiana relata suas vivências com Pan nesse aspecto.
Rosaleen Norton, Thorn, e sua pintura retratando Pan.
Além de magista ela também era artista e escritora.

Senhor das Iniciações - Aleister Crowley, elabora o conceito "Night of Pan" ou N.O.X dentro de seu sistema mágico-religioso, a Thelema. Em The Book of Lies, Crowley diz que Pan seria a síntese do estado místico atingido pelo adepto ao passar pela Noite, sendo o período em que o adepto atinge um grau de comunhão plena com as energias Universais e vivencia a morte do Ego.


Espero que tenham gostado. Compartilhem suas dúvidas e impressões nos comentários!
Na próxima semana tem mais ;)

Álex Hylaios

26 de março de 2018

O Grove de Pan


"There and Back again..." - Bilbo Baggins (Tolkien)


"Sejam bem vindos, filhas e filhos da Floresta. Cá estamos nós de volta outra vez."
Pelo menos seria assim que eu imaginaria Pan dizendo aos seus caso o encontrássemos em alguma andança pelo meio do mato. Este blog tem uma data antiga, de um projeto antigo e com uma execução nova. Nasceu em meados de 2007/2008 sob o nome de "Sátiro na Cidade", com o intuito de criar um espaço para discutir, compartilhar e trazer informações sobre Bruxaria, Paganismo, Reconstrucionismos, Magia Draconiana e mais uma porção de coisas que eu (Álex) gostava, estudava e/ou praticava na época. Ah, e na época eu tinha uns 14 anos. Quem nunca fez um blog no auge da inclusão digital não é mesmo? Também nesse período eu já estava me debruçando nos garimpos da internet atrás de informações sobre esses temas que eu gostava e um deles sempre foi o meu farol: Pan. Por isso executar essa ideia agora; reformulei o espaço, apaguei coisas antigas e vou reconstruir um novo blog. 

Quem me conhece pessoalmente sabe que sou introvertido, mais calado, mais na minha. Uma imagem que os amigos virtuais tem dificuldade de assimilar pois sempre acham que sou extrovertido, falador (essa parte é verdade) e super chato (essa parte é mentira *risos*). Infelizmente não tem como construir essa introdução sem falar um pouco sobre mim - apesar de que o que eu quero com esse espaço é torná-lo literalmente o que o sub-título se propõe: um Templo virtual em honra ao Deus Pan, ao Sagrado Masculino e toda a sorte de informações sobre. 

Comecei desde aquela época a reunir materiais sobre Pan e sobre suas formas de culto, sua trajetória desde a Antiguidade, até sua apropriação de imagem na Idade Média para a construção da figura do Diabo, seu deleite ao cair nas graças dos poetas do romantismo inglês da época da renascença; até os dias atuais, onde o Neopaganismo e a Bruxaria reafirmaram a figura do Deus de Chifres e o colocaram em contraposição a um masculino ferido, opressor e castrado que as religiões monoteístas pregam. E foi isso que me trouxe para o Neopaganismo como um todo: o Deus de Chifres. Ou pelo menos, o seu Chamado.  

É comum aos wiccanos ouvirem falar no chamado da Deusa. Aos leitores de "As Brumas de Avalon (M.Z. Bradley)", "The White Goddess (R. Graves)", "O Poder da Bruxa (L. Cabot)" ou diversos outros clássicos neopagãos que auxiliaram na ascensão e crescimento da Bruxaria moderna no ocidente, o "Chamado da Deusa" é algo presente, real, pulsante; que levou mulheres e homens a recobrar uma parte deles mesmos que ficou esquecida no folclore europeu, nos mitos clássicos da antiguidade ou nas zonas marginais da nossa sociedade. As pessoas relembravam, escutavam e estavam enfim, respondendo ao chamado Dela. Uma bruxa me ensinou uma vez que assim como a Lua tem suas fases, a Deusa também tem seus ciclos. Estaríamos atualmente vivenciando um momento histórico onde a Deusa sai de seu estado de "Lua Nova/Negra" para entrar no seu momento de Lua Crescente. E Ela não veio sozinha. 

Assim como em um ano nosso planeta tem 365 dias, 12 meses, 4 estações, 13 luas cheias, dia e noite; a Deusa tem ao Deus (na perspectiva wiccana). Uma divisão de calendários Lunar/Solar. E assim como não vivemos 24h sob a luz da Lua o Sol, o Sagrado Masculino para diversas culturas pagãs, voltou com Ela. E não um masculino opressor, que nega e subjuga o feminino. Mas sim um Masculino Selvagem, Provedor, Livre. Um masculino Pagão. E então, como a Deusa cantou para suas filhas e filhos se encontrarem sob sua luz e compartilharem dos mistérios, ela contou sobre Aquele que foi seu primeiro Amante, seu amor sob todas as formas. Aquele que junto Dela, cria e recria a Vida. E ao contar sobre Ele, a Deusa percebia uma mudança nos corações dos que ouviam. O ritmo acelerava, o suor, os calafrios, o instinto e batidas ganharam um novo significado. Ao ouvir sobre o Deus, os corpos das filhas e filhos da Deusa tremiam em êxtase ao sentir a energia do Sol, do prazer, do impulso criativo e libertador. E então, algumas dessas filhas e filhos perceberam que esse era também um Chamado; mas um chamado diferente do Dela, um chamado que era visceral, sexual, instintivo e primordial. Algumas das crianças ouviram então, o Chamado do Deus. 

Existe uma música muito bonita sobre o Chamado da Deusa, ela diz: 
"Ela espera, espera
Ela espera por nós 
Ela espera os seus filhos escutarem sua voz..." 

O Deus não espera. O Deus age. Ele vai atrás. Ele faz questão de que fique claro que quem decidiu não ouvir o chamado Dele foi você. E ele não desiste. 
No fim, você vive o nosso famoso ditado: "Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come". 
E como come *risos*. 

Os Deuses Pagãos voltaram. Almas antigas, novas, voltaram. E Ele voltou. O Grande Deus Pan voltou. Sem delongas, sem rodeios ou cerimônias a mais antiga figura arquetípica do Deus de Chifres está de volta, cantando e dançando nos corações daqueles que cederam ao seu chamado. E ele não vai parar. Enquanto a última árvore estiver de pé, lá Ele estará. Enquanto a última gota de água limpa, o último animal ou montanha estiver de pé, será Pan carregando sua mensagem. E Ele chegou. 

Pan gosta dessas coisas poéticas. Foi uma das primeiras impressões que Ele me passou, ainda no início do nosso contato. Ele me explicou que isso brinca com o cérebro das pessoas. Causa uma ilusão sobre elas, como se as hipnotizassem para que então absorvessem melhor aquela informação. Com o tempo eu descobri uma facilidade nata para fazer coisas rimadas e poéticas; e acabei direcionando isso para meu culto pessoal e devocional à Pan. Segue um trecho de uma canalização¹ que fiz Dele em 2014:

"E então aqui estamos novamente
Sem amarras, sem dores, sem correntes 
Nos encontramos de volta, uma vez mais 
E não nos separaremos de novo, pois vim para tirar sua paz

Quando vocês dormirem e sentirem medo, Eu estarei lá 
Quando vocês acordarem, Eu serei o suor a te encharcar 
Quando vocês tiverem medo, Eu serei seu medo 
Quando vocês quiserem a verdade, Eu a trarei, sem anestesia, sem efeito placebo 
E quando quiserem coragem, serei Eu trazendo ela, para seu corpo do medo se livrar

E então, quando suas forças não mais existirem para te fazer caminhar
Eu serei suas pernas, E eu irei te levar
Te levar para onde seu coração quiser ir
Te levar daqui para outro lugar

Até encontrarmos todos os outros. Que conosco irão caminhar." 


¹Canalização: é um processo energético onde o sacerdote dá voz para alguma divindade, sem perder completamente sua consciência. Parece com o processo de incorporação das religiões de matriz africana, mas se difere na forma pois uma canalização é sempre voluntária e com a permissão expressa do sacerdote/sacerdotisa para a divindade emanar de seu corpo.


Esta postagem nasce como um Grove. Um grove, em inglês, é um pequeno agrupamento de árvores dentro ou fora de uma floresta. Elas geralmente nascem juntas, se protegendo e se auxiliando em ventanias e tempestades. Seus brotos se espalham ao redor delas, crescendo e se beneficiando do efeito protetor das árvores mais velhas. 

Que vocês possam encontrar um lugar seguro e tranquilo para aprenderem, vivenciarem e compartilharem suas questões sobre o Deus Pan e o Sagrado Masculino. 

Blessed be! 


Álex Hylaios. 



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