Sagrado Masculino para Homens Sagrados - Sátiro Urbano
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9 de novembro de 2019

Sagrado Masculino para Homens Sagrados


Quando foi a última vez que você recebeu um elogio e se sentiu bem? 

Quando foi a última vez que alguém te valorizou de alguma forma que não foi elogiando seu pênis, seu desempenho sexual, sua conta bancária, seu carro/casa/posse ou seu emprego? 

Quando foi a última vez que alguém perguntou se você estava bem e se precisava desabafar?



Nós homens passamos muito tempo da nossa vida construindo uma personalidade que supra as necessidades sociais que ensinaram para nós sobre o que é ser homem. E muitas delas são comandos básicos porém destrutivos para qualquer ser humano, como: 

- Tenha dinheiro. 
- Tenha tesão. 
- Tenha pau duro. 
- Tenha pau grande. 
- Seja homem! (Ou seja, nunca aparente nenhum traço de mulher, seja físico, gestual, estético ou emocional) 
- Tenha um emprego que cause inveja. 
- Tenha um carro. 
- Transe bastante e com o máximo de pessoas que puder. Quantidade é importante. 
- Não demonstre fraqueza (ou seja, jamais peça ajuda). 

Você conseguiria viver sua vida toda seguindo esses comandos? É impossível. É humanamente impossível. Todo ser humano precisa de processos emocionais, precisar chorar, precisa sentir. Nos é negado sentir e demonstrar sentimentos desde muito cedo. A maioria de nós nunca teve uma relação afetiva mínima com os nossos pais, que também nunca tiveram com os pais deles e assim por diante. Muitos de nós nem pai tiveram; afinal, aborto masculino é legalizado e historicamente aceito nas sociedades ocidentais. "Quem tem mãe não precisa de pai." 

Que pessoa aguenta isso? Precisamos direcionar mais afetividade para nós mesmos. Precisamos aprender a tocar nossos sentimentos. Graças aos Deuses, eu encontrei caminhos espirituais que me ensinaram isso de alguma forma. Meu crescimento e amadurecimento enquanto homem veio de uma maneira muito objetiva: eu não aceitava ser aquele homem que eu vi a minha infância e adolescência toda. Aquele homem que abandona, que bate, que xinga, que impõe medo, que abandona de novo, que fica calado e distante, que simplesmente some. Isso não era ser homem para mim. Meus Deuses me mostraram caminhos de redescobrir meu masculino e consequentemente meu Eu próprio.

Ser homem e ser homem pagão é ser livre. E eu abraço minha liberdade e as consequências que elas trazem. Eu quero muito viver num mundo onde homens se abracem, se cuidem e se apoiem como as mulheres estão aprendendo cada vez mais a fazer umas com as outras. Enquanto elas reaprendem a sacralizar sua sororidade (et. irmãs) nós continuamente profanamos nossa fraternidade (et. irmãos). 

Ser pagão é ser livre. E eu não aceitaria uma religião que me ensinasse a abusar das outras pessoas simplesmente pelo meu gênero. Eu não mereço isso. Você não merece isso. Nenhum homem merece isso. Ninguém deve aceitar ser mera ferramenta de dor de um sistema patriarcal falido e em colapso, que cada vez mais coopta homens feridos e tomados pelo medo para serem seu instrumento de proliferação de dor. Chega de dor. Nós somos importantes. Nós merecemos sentir. Os Deuses Antigos chamam os homens de volta para casa, para aprender a fincar raízes ou voar; a amar e a demonstrar, a sentir e a celebrar. Ser pagão é ser livre. E ser homem, também. 


Álex Hylaios

Conversas de um sátiro que mora na cidade sobre vida, cotidiano, magia e paganismos. Senta na grama mesmo!

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